O que Significa Outros Deuses no Trabalho

Artigo do livro Shamati de Baal HaSulam: What is Other Gods in the Work.


Está escrito: "Não terás outros deuses diante de Mim” (Êxodo 20:3). O Zohar Sagrado interpreta que deveria haver pedras para se pesar o trabalho. Ele pergunta a respeito: De que forma o trabalho é pesado com pedras, de modo que saibamos o nosso estágio nos caminhos de Deus? Ele responde que é sabido que quando começamos a trabalhar além do que estamos acostumados, o nosso corpo físico começa a rejeitar e a contrariar este trabalho com toda a sua força.

Isto porque o ato de doar (outorgar) é um peso, um fardo para o corpo físico, que não tolera este trabalho, e sua resistência surge sob a forma de pensamentos estranhos. Ele começa a perguntar "quem" e "o que", e então, dizemos que essas perguntas são certamente enviadas pelo Sitra Achra (outro lado) para dificultar o nosso trabalho.

É dito que se naquele momento dizemos que as perguntas são oriundas do Sitra Achra, violamos o que está escrito: "Não terás outros deuses diante de Mim". A razão é que devemos acreditar que isso é proveniente da Shechina Sagrada, uma vez que "Não há outro além Dele". Em vez disso, a Shechina Sagrada nos mostra o nosso verdadeiro estágio, como estamos progredindo nos caminhos de Deus.

Isto significa que, enviando-nos estas perguntas, chamadas de "pensamentos estranhos", ela observa como respondemos a elas. Com isso, devemos conhecer nosso verdadeiro estado e então saberemos o que fazer.

É como a seguinte parábola: um homem queria saber o quanto seu amigo o amava. Certamente, quando estavam frente a frente, seu amigo se ocultava por vergonha. Então, ele enviou uma pessoa para falar mal dele. Assim, ele via a reação do amigo quando estava longe dele e, com isso, era possível saber a medida exata do seu amor.

A lição é que quando a Shechina Sagrada nos mostra a sua face, ou seja, quando o Criador nos dá ânimo e alegria, ficamos envergonhados de dizer o que pensamos sobre o trabalho de doação e de não recebermos nada para nós mesmos. No entanto, quando não estamos diante dela, ou seja, quando o ânimo e a satisfação diminuem, o que é considerado não estar diante dela, então percebemos o nosso verdadeiro estágio no que diz respeito ao ato de doar.

Se acreditarmos que está escrito que não há outro além Dele, e que o Criador envia todos os pensamentos estranhos, o que significa que Ele é o operador, sem dúvida saberemos o que fazer, e como responder a todas as perguntas. É como se ela nos enviasse mensageiros para ver como difamamos ela e o seu Reino dos Céus, e é dessa forma que podemos interpretar a questão acima.

Podemos compreender que tudo vem do Criador. Isso porque é sabido que os golpes que o corpo físico dá na pessoa com seus pensamentos estranhos, visto que eles não vêm até a pessoa que não se engaja no trabalho, mas estes golpes que vêm à pessoa numa sensação completa, a tal ponto que estes pensamentos esmagam sua mente, seguem-se de forma especificamente anterior à Tora e ao trabalho que vai além do usual. Isso é chamado pedras para se pesar.

Isso significa que estas pedras caem em nossa mente quando desejamos compreender essas questões. Mais tarde, pesamos a finalidade do nosso trabalho, se realmente vale a pena trabalhar a fim de doar, trabalhar com toda a nossa força e alma, e que todos os nossos desejos existirão apenas na expectativa de que o que há para se alcançar neste mundo é com a finalidade de trazer satisfação ao Criador, e não materialmente.

Naquele momento começa uma difícil discussão, uma vez que percebemos que existem argumentos de ambos os lados. As escrituras advertem sobre isso: "Não terás outros deuses diante de Mim". Não diga que outro deus lhe deu as pedras para pesar o seu trabalho, mas sim "diante de Mim".

Pelo contrário, devemos saber que isso é considerado "diante de Mim". Tanto é assim que perceberemos a verdadeira forma da base e do alicerce sobre a qual é construída a estrutura do trabalho.

O peso no trabalho existe principalmente porque são dois temas que se negam um ao outro. De um lado, deveríamos julgar que todo o nosso trabalho é para alcançar a Dvekut (Adesão) com o Criador, e que todos os nossos desejos serão apenas para darmos contentamento ao Criador, e não a nós próprios.

Por outro lado, percebemos que este não é o principal objetivo, uma vez que a finalidade da criação não era para que as criaturas dessem algo ao Criador, uma vez que Ele não tem nenhuma deficiência para que as criaturas Lhe dêem algo. Pelo contrário, a finalidade da criação é Seu desejo de fazer o bem a Suas criaturas, ou seja, que as criaturas recebam satisfação e prazer Dele.

Estas duas questões se contradizem de um extremo ao outro. De um lado devemos dar, e de outro devemos receber. Em outras palavras, há o discernimento da correção da criação, que é alcançar a Dvekut, compreendida como a equivalência de forma, sendo que todas as nossas ações serão apenas para doar. Depois, é possível alcançar a finalidade da criação, que consiste em receber prazer e satisfação do Criador.

Então, quando nos acostumamos a caminhar nas vias da doação, não temos, de qualquer modo, os vasos de recepção. Quando caminhamos nas vias da recepção, não possuímos vasos de doação.

Desse modo, através das "pedras para se pesar" adquirimos ambos os vasos. Isto porque após a negociação que tivemos durante o trabalho, quando vencemos e assumimos o encargo do Reino dos Céus sob a forma de doação em coração e mente, quando estamos prestes a atrair a Sublime Abundância, uma vez que já temos uma base sólida de que tudo deveria ser sob a forma de doação, então, mesmo quando recebemos alguma iluminação, já recebemos com o propósito de doar. Isto porque todo o fundamento deste trabalho é construído somente na doação. Isto é considerado que “recebemos com o propósito de doar”.


Leitura complementar: Não há Ninguém além do Criador.

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